Bem hajam seres humanos.

Ontem fiz anos. Ontem estive nauseado como nos outros dias ou, talvez, ainda mais um bocadinho. Já perdi 26 kg e interrogo-me se é possível perder mais. Embora não aceite que se desista porque contraria, em absoluto, a minha filosofia de vida; compreendo quem, nesta situação, o faz. As comparações são muitas e os resultados sempre contrários ao que desejaríamos: aos poucos as contra-indicações dos novos medicamentos geram novas dores que obrigam a consumir novos medicamentos e, sempre, assim sucessivamente; neste momento o meu gasto na farmácia tem a média de €26,68 diários e o HSM já me deu €16.221,00 em comprimidos e tudo isto pode não servir para nada! Eu, enquanto a sobriedade me permitir, não desistirei - nunca fui de desistir.

Mas ontem fiz anos, comecei eu a dizer, e recebi centenas de mensagens (centenas, não há exagero aqui) nas redes sociais, no telemóvel, via e-mail, etc... Embora costume receber muitas, nunca na vida assisti a tal coisa. Se tudo isto me trouxer, no final, algumas melhoras, vou ter de fazer o desmame dos químicos e sei que vai ser fácil. Muito difícil será desmamar esta onda de solidariedade que amigos, conhecidos e, até alguns nem tanto, me têm habituado nestes dias horríveis. Questiono-me se isto é comum entre as pessoas, se é assim comigo porque eu sempre fiz assim, se por outra coisa qualquer. Tenho uma certeza poucos imaginarão o quanto esta generosidade é preciosa para quem padece desta forma exagerada.

Não há "obrigados" que cheguem para retribuir o bem que fazem.

(*)Imagem de João Figueira.