03/09/06

A festa do Avante



Já foi um marco nacional no campo das artes, mormente em espectáculos musicais, já não é. De ano para ano a festa do Avante é cada vez mais um festival gastronómico, onde as pessoas se enfileiram para engolir os pitéus das diversas regiões presentes. Os visitantes não fazem qualquer ideia em que palco vão tocar os Xutos ou a que horas, mas sabem perfeitamente onde há o choco frito ou o marisco. Encho a barriga mas tenho pena. Curiosamente os camaradas aceitam isto naturalmente e a prova disso é a generalização do preço da refeição: 11,50 €, o que para operários e desempregados é um bocadito puxadote, não é?

Aquela Galiza que eu amo.


E após 3 semanas de calma e paz, veio o regresso. Pelo caminho e ainda molhado pelo mergulho da despedida em Vigo, começa a ouvir-se no rádio do carro as palavras sujas e gastas dos Fiúzas, Cunhas e Valentins cá da terra. Aos poucos a mente tenta desesperadamente regressar às águas quentes de Baño ou do Rio Caldo, ao som do Galaico-português que se torna tão quente e musical na voz dos simpáticos galegos, à forma solidária e activa como as pessoas se uniram contra os incendiários. Mas já não dá. Por aqui há uma grande dificuldade em ser bom para o próximo, porque todos nós andamos enjoados e indignados com a realidade que nós próprios construimos.
Para o ano há mais.