28/11/05

Os crucifixos nas escolas.

A discussão de hoje foi sobre a presença dos crucifixos nas escolas. Eu acho muito bem que os retirem. Para mim e pelo que eles representaram para mim fazem tanto sentido lá estar como as fotos do Américo Tomás, do Cardeal Cerejeira ou do José Socrates. Quando frequentei a escola primária, hoje ensino básico, era o único aluno que não era baptizado pela igreja, às quintas-feiras era o dia dos seminaristas irem pregar à escola e eu como não era baptizado tinha de ir para o pátio enquanto decorria o que presumo fosse a catequese. No inverno era um frio do *******!
Os defensores da presença da cruz nas escolas, num desesperado pluralismo dizem que também deviam lá estar o buda, a estrela de David, uns versos do Corão, etc...
E já agora não deveriam querer que o mapa, o poster do corpo humano, o quadro e isso, fossem colocados nas igrejas?
Valha-me Deus.

27/11/05

Jazz

Às vezes preciso de ouvir jazz. Às vezes preciso que me digam que quem manda aqui não sou eu!

Quero-te e pronto! (reposição)

Não é a tua carne que eu desejo
é o teu ser
mas o teu ser, o que existe, não é carne
e o desejo é carnal não é?
É dos sentidos, não é?
O desejo, ele próprio, é um sentido.
Então não é a razão que te deseja,
é o desejo.
Mas isso não é normal,
Porque o desejo quer carne
e a razão quer razão,
e eu desejo-te sem corpo.

Que confusão!

Pensei melhor,
vamos deixar tudo como está.

Quero-te e pronto!

25/11/05

Por acaso.

Caminhava eu ao acaso pelos caminhos escorregadios que os recursos me oferecem e que por acaso não gosto de frequentar porque caio muito, quando meio por desconhecimento meio por inocência escolhi um dos atalhos cuja sinalização dizia: caminhe por aqui ao acaso que encontrará o que procura. Não sei porque virei nesse atalho se não procurava nada definido, nada de concreto, i.e. eu não procurava mesmo nada. Mas virei. Um pouco mais à frente, já eu me questionava o que andava ali a fazer, vi uma pequena clareira e dirigi-me para lá sem grande convicção e deparei com uma feira de ofertas várias. Cheio de preconceitos, preocupado com que alguém reparasse em mim e me conotasse com aquela actividade, consultei as ofertas atabalhoada e apressadamente e voltei para o caminho. Continuei a caminhar, embora a medo, sem parar de pensar no que tinha visto e confuso sobre o motivo que leva gente a ofertar-se ao desconhecido, que armas terão para se defenderem? Que sentires as movem para tal risco?
Tenho de parar de pensar nisto, disse. Os sentires devem ser todos diferentes e as armas também. Eu não tenho nada disso, ando tão convencido das vantagens de ser sincero, transparente, leal que me espalharia ao comprido numa coisa dessas. Vou voltar para trás, penso que me lembro do caminho de regresso que por acaso parece diferente quando me viro ao contrário. É sempre assim, o mesmo caminho, nunca é igual duas vezes, pelo menos quando por lá andamos os primeiros tempos. É por isso que quando vamos duas vezes ao mesmo local ele da segunda vez nos parece mais perto. Mas fui e, por acaso, comecei a pensar diferente. E se de alguma forma a minha ida à clareira das ofertas ficou registada em algum lado? E se ficou que ganho eu em não querer aprofundar o conhecimento sobre o assunto? Fico registado sem experimentar? Vou voltar à clareira!
Caminhei decidido e entrei dando ares de entendido sobre o assunto e tentei mostrar um à-vontade que não tinha. Fiz comentários e parecia integrado até que me senti falso, eu estava a fingir. Não percebia nada daquilo e estava a candidatar-me a ser apanhado para um tema que não saberia desenvolver. Tinha de encontrar solução.
Por acaso, entre as ofertas uma havia que me tinha seduzido estupidamente, tão estupidamente que não fui capaz de a manusear, nem tocar. Senti que ela me chamava e por isso foi dessa banca que fugi, e esse fugir aumentou-lhe a atracção como é óbvio.

(Eu faço muito isso, até nas bancas das feiras, o que mais me atrai observo ao longe e onde não vejo nada que me interesse remexo tudo como se procurasse o que não vejo.)

Não, vou-me mas é embora dizia eu enquanto pensava naquilo que transmitia aos amigos quando me falavam em cliques e afins. Isto não é para mim, não tenho bases para isto e preparei o regresso à minha nuvem de paz cuja máxima é: não se deve correr atrás da encrenca.
Preparei o regresso e foi só o que fiz: preparar. A minha visita tinha realmente ficado registada e estavam-me a chamar. – Quem és tu? O que vieste aqui fazer? essas coisas. Por acaso, era a relações públicas da banca da qual fugi, por acaso? Por acaso estou-me a candidatar a colaborador dela. Por acaso acho que estou a correr atrás de encrenca.

Desculpa e obrigado.

24/11/05

Sacerdócio só para machos.

A igreja católica está preocupada com a crescente homosexualidade na sociedade actual. Por isso, prepara-se para excluir padres, seminaristas e religiosas praticantes ou defensores desse pecado grave.

Não me preocupa nada, essa é que é verdade, esta acção do Vaticano. Contudo tenho a sensação que por essas aldeias do mundo muitos homens preferiam que o seu pároco fosse gay.

Há no entanto uma questão que me baralha. Sendo que os padres quando assumem o sacerdócio fazem um voto de castidade, qual é a importância que tem as suas tendências?

22/11/05

A candidatura do costume.

ICEP põe Portugal "à venda"....

A crise é profunda e está para durar, dizem. O ICEP, que tem por missão promover Portugal no estrangeiro, quer ajudar e criou um programa para pôr o País a exportar mais. Mas uma das medidas é algo estranha. O ICEP vai criar um portal chamado "Buy Portugal" - "comprar" ou "compre Portugal".
Não fossem as boas relações com a Espanha, e os espanhóis poderiam já estar a esfregar as mãos de contentes com a hipótese de fechar um negócio histórico.

21/11/05

Não entendo.

-Não entendo o alcance do relatório médico que o Dr. Mário Soares acha que todos os candidatos deviam apresentar.

-Não entendo o que falta a Manuel Alegre para se impôr definitivamente como o candidato melhor colocado.

-Não entendo como pude acumular tanta sensação negativa em relação ao Prof. Cavaco Silva que faz com que o rejeite logo a partir da voz e não me permite ouvir o que diz.

18/11/05

Qual é o teu nome japonês?

My japanese name is 藤原 Fujiwara (wisteria fields) 大輝 Taiki (large radiance).
Take your real japanese name generator! today!
Created with Rum and Monkey's Name Generator Generator.

(Recebido por e-mail)

Al Qaeda quiz explodir o Cristo-Rei em Almada!...

Documentos mantidos em sigilo pela Polícia Judiciária revelam que a Al Qaeda, organização terrorista de Osama Bin Laden, ordenou a execução de um atentado em Portugal. O alvo da acção teria sido a estátua do Cristo-Rei, localizada em Almada.
De acordo com informações obtidas hoje em Lisboa, a ordem de Bin Laden decorreu do ódio que o saudita nutre por símbolos monumentais católicos, que segundo ele representam "um símbolo da globalização dos infiéis".
Demolidor de ídolos e iconoclasta como os talibãs que explodiram estátuas de Buda no Afeganistão, ele destacou dois mujahedins para o sequestro e uso de um avião que seria lançado contra a estátua "símbolo dos infiéis cristãos".
Os registos da polícia Judiciária dão conta de que os dois terroristas chegaram ao Aeroporto Internacional da Portela em 4 de Setembro, Domingo, às 21h47m, no vôo da Air France procedente do Canadá, com escala em Londres.
A missão começou a sofrer embaraços já no desembarque, quando a bagagem dos muçulmanos foi extraviada. Após quase seis horas de peregrinação por diversos guichés e dificuldade de comunicação em virtude do Inglês fortemente marcado por sotaque árabe, os dois saem do aeroporto, aconselhados por funcionários da TAP a voltar no dia seguinte, com intérprete.
A Polícia Judiciária investiga a possibilidade de eles terem apanhado um táxi pirata na saída do aeroporto, pois o motorista percebeu que eram estrangeiros e rodou uma hora e meia dando voltas com eles pela cidade, até abandoná-los em lugar ermo do Casal Ventoso. Aí, acabaram por ser assaltados e espancados por um grupo de toxicodependentes desesperados.
Eles conseguiram ficar com alguns dólares que tinham escondido em cintos próprios para transportar dinheiro e apanharam boleia num camião que fazia distribuição de garrafas de gás.
Na segunda-feira, às 7h33m, graças ao treino de guerrilha que receberam nas cavernas do Afeganistão e nos campos minados da Somália, os dois terroristas conseguem chegar a um hotel do Estoril. Alugaram um carro na Avis e voltaram aoaeroporto,determinados a sequestrar um avião e atirá-lo bem no meio dos braços abertos do Cristo-Rei.
Enfrentam um congestionamento monstruoso na 2ª circular e ficam mais de 3 horas bloqueados no Campo Grande por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve, e na Av. Do Brasil são-lhes roubados os relógios por um gang da Zona J.
Às 12h30m, resolvem ir para o Centro da cidade e procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares. Recebem notas de 100 Euros falsas. Por fim, às 15h45m chegam ao aeroporto da Portela para sequestrar um avião. Os pilotos da TAP estão em greve por mais salário e menos horas de trabalho.
Os controladores de vôo também pararam (querem equiparação aos pilotos). O único avião na pista é da AIR PORTUGÁLIA, mas está sem combustível. Tripulações e passageiros estão acantonados na sala de espera e nos corredores do aeroporto, gritando slogans contra o governo.
O Batalhão da POLÍCIA DE CHOQUE chega batendo em todos, inclusive nos terroristas.
Os árabes são conduzidos à Esquadra da PSP do aeroporto, acusados de tráfico de drogas, em face de flagrante forjado pelos próprios polícias, que "plantaram" papelotes de cocaína nos bolsos dos dois. Às 18 horas, aproveitando uma manifestação dos guardas prisionais clamando subsídio de risco, eles conseguem fugir da prisão no meio da confusão e do tiroteio das brigadas anti-motim da PSP que entretanto tinha sido destacada para o local pelo Ministro da Administração Interna.
Às 19h05m, os muçulmanos, ainda ensanguentados, dirigem-se ao balcão da TAP para comprar as passagens. Mas o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os voos da companhia estão suspensos por tempo indeterminado. Eles, então, discutem entre si: começam a ficar em dúvida se destruir Lisboa, no fim de contas, é um acto terrorista ou uma obra de caridade.
Às 23h30m, sujos e mortos de fome, decidem comer alguma coisa no restaurante do aeroporto. Pedem sandes de queijo com limonadas. Só na terça-feira, às 4h35m, conseguem recuperar-se da intoxicação alimentar de proporções equinas, decorrente da ingestão do queijo estragado usado nas sandes. Eles foram levados para o Hospital de Santa Maria, depois de terem esperado três horas para que a ambulância do INEM chegasse e percorresse diversos hospitais da rede pública até encontrar uma vaga. No HSM, foram atendidos por uma enfermeira feia e mal-humorada. Eles tiveram de esperar dois dias para serem examinados, por causa da cólera causada pela limonada feita com água contaminada por coliforme fecal.
Debilitados, só terão alta hospitalar no domingo.
Domingo, 18h20m: os homens de Bin Laden saem do hospital e chegam perto do estádio de Alvalade. O Benfica acabara de perder com o Sporting. A claque dos NO NAME BOYS confunde os terroristas com integrantes da JUVELEO e dá-lhes uma surra sem precedentes. O chefe da claque abusa sexualmente deles.
Às 19h45m, finalmente, são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, em especial na área proctológica. Ao verem uma roullote de venda de bebida nas proximidades, decidem embriagar-se uma vez na vida e comer umas sandes de couratos (mesmo que seja pecado!).
Tomam um bagaço adulterado com metanol e precisam voltar ao Santa Maria. Os médicos também diagnosticam gonorreia.
Segunda-Feira, 23h42m: os dois terroristas fogem de Lisboa escondidos na traseira de um camião de electrodomésticos, assaltado horas depois na Serra da Musgueira. Desnorteados, famintos, sem poder andar ou sentar-se, eles são levados por uma carrinha de Apoio aos Sem Abrigo, organização ligada aos direitos humanos para a área metropolitana de Lisboa. Viajam deitados de lado. Na capital novamente, deambulam o dia todo à cata de comida e por volta das 20 horas acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja na Rua do Coliseu, no centro. A Polícia Judiciária não revelou o hospital onde os dois foram desta vez internados em estado grave, depois de espancados quase até à morte por um grupo de SKINHEADS.
Sabe-se que a Polícia Judiciária deixou de se preocupar e vigiar estes membros da Al Qaeda por considerar que as suas intenções foram desvanecidas e já não constituem qualquer tipo de perigo à integridade nacional, e até os está a ajudar, tentando encontrar uma organização humanitária que lhes possa dar apoio para o regresso ao Afeganistão, isto tudo a pedido dos mesmos.

17/11/05

Feiras de automóveis - Há quem adore.

A identificação do chamador.

-Olá, sabes quem eu sou.
-Sei.
-Sabes como? Não falamos há séculos.Não me digas que me conheceste a voz...?
-Claro, Clara.
-Estou espantada.
-Como me podia esquecer...

16/11/05

O aviário.



O aviário de Lisboa é tão bonito visto de fora.

14/11/05

O passeio de Souto Moura.

A Procuradoria Geral da República é uma espécie de árbitro superior. Sempre ouvi dizer que o melhor árbitro é aquele que nem se dá por ele. O passeio de Souto Moura pela PGR está cheio de aparições, comentários a dizer que não comenta e tudo o que é desaconselhado à função. Falta muito para ir para outro lado?

13/11/05

Para resolver a Casa Pia....

Porque é que a nossa brilhante Justiça não faz, à semelhança do que fez com o caso Joana; um julgamento com jurados?

11/11/05

São Martinho

As pessoas, hoje em dia, bebem tanto todos os dias que já ninguém se lembra do São Martinho.

600 portugueses aumentam de pénis este ano. (CM)

Quandos os problemas são grandes, nada como aumentar o que se tem de pequeno para ficar ao mesmo nível.

10/11/05

Quem mexe no mel...

O abuso (alguns chamam ousadia) parece ser uma característica dos portugueses desde sempre. Contudo, parece que só agora começamos a dar conta disso. Desde pequeno que oiço dizer: que os polícias gamavam, que as companhias de seguros enganavam, que os taxistas metiam a unha, que os árbitros se compravam, que os empreiteiros pagavam luvas, que há juízes padrinhos, etc... foram coisas que ouvi desde sempre. O meu avô costumava sintetizar tudo com um: "Quem mexe no mel, lambe-se."
Mesmo estas entradas novas dos professores que metem atestados da treta e de médicos que os passam não são novidade, eram inseridos nas baixas fraudulentas e nos atestados manhosos da população em geral. Foi sempre assim que eu ouvi.
Estou ciente que grande parte dos portugueses também ouviu, como eu. Estranho, por isso, o enfoque que se dá aos vários casos vindos a público de prisões, processos, inquéritos, etc... Parece que andamos todos a querer fundamentar que já sabíamos. Ou será que isso nos faz sentir menos culpados pelos nossos pecaditos?

Surgiu, agora, um caso diferente cujos intérpretes são uma classe que eu chamo de "enterras". Enterram-nos os mortos e enterram muitos vivos, também. Alguém se zangou, queixou-se e o funeral de Amália vem agora para as notícias. Porque veio agora, o porquê da queixa ainda não sabemos mas há uma coisa que sei e que quero partilhar: queixar é uma complicação tão grande que raras vezes compensa. E mesmo quando compensa o custo foi paradoxal.

OE06.

A discussão do Orçamento de Estado para 2006, roçou o patético. Não é novidade embora me tenha parecido que desta vez superou as anteriores. Frases como: estamos de acordo com grande parte mas votamos contra, não são apropriadas ao estado geral do país. Aquela espécie de "levanta-te e faz rir", que me parece o esforço maior dos deputados, não se coaduna com a situação vigente. E isto é tão mais preocupante quando sabemos que só pelo facto de aqueles senhores estarem ali a fazer-se de engraçados já têm um futuro garantido, muito superior à maioria dos portugueses.
É necessário não transmitir aos eleitores a repulsa pelo voto.

09/11/05

Ele, afinal, também acerta:

"É mais fácil encontrar alguém sem as mínimas condições de subsistência nos Estados Unidos do que na maior parte dos países da Europa. Em contrapartida, é muito mais fácil encontrar um desempregado na Europa do que nos Estados Unidos"

José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 8-11-2005

08/11/05

A mãe faz anos.

Credo que soneira, dormi demais concerteza. Hoje a mãe faz anos e é preciso ajudar a preparar o dia. Vou ter saudades, pensamentos transversais, nostalgias. Vou estar a repetir constantemente que está tudo bem e a tentar ser paciente com tudo o que não concordo. Vou jantar a um chinês, por certo, e pisar as mesmas calçadas onde cresci. Hoje vou responder a perguntas que respondo todos os anos e espero não me enganar. Hoje vou maximizar o ser filho que habitualmente está escondido atrás do ser pai. Hoje é dia 8 de Novembro.

07/11/05

Rodrigo Cabrita escreve assim no DN:

A onda de violência que começou nos subúrbios de Paris e já alastrou a outras cidades francesas levanta várias questões. Enquanto uns já falam num novo Maio de 68, outros atribuem os confrontos a grupos de vândalos organizados. Mas todos concordam que esta "guerrilha urbana" prova o falhanço do modelo de integração francês.

1-O que desencadeou a violência? Quinta-feira, 27 de Outubro, dois jovens de origem africana morreram electrocutados quando se esconderam num gerador eléctrico. Testemunhas garantem que os rapazes, de 15 e 17 anos, estavam a fugir à polícia, uma versão desmentida pelas autoridades. A 30 de Outubro, na terceira noite de protestos nas ruas de Clichy-sous-Bois, onde os adolescentes viviam, uma granada de gás lacrimogéneo, alegadamente lançada pela polícia, foi atirada para o interior da mesquita. O incidente trouxe a questão religiosa para os protestos.

2-Quem está por detrás dos confrontos? A revolta começou de forma desordenada, mas, à medida que os dias passavam, foi-se organizando. Os manifestantes, dirigidos por líderes locais, conhecem bem os bairros. Estes kaids, que controlam o tráfico de droga e de mercadorias roubadas, estão a "recrutar" jovens para defender os seus interesses. A maior parte dos manifestantes tem de 14 a 20 anos e é de origem africana, sobretudo magrebina. Segundo o diário espanhol El Mundo, estes jovens constituem "o exército ideal para os chefes das mafias que usam o descontentamento social para instrumentalizar esta guerrilha urbana".

3-Qual é a situação nos subúrbios? Nos bairros problemáticos em torno das grandes cidades francesas, o desemprego é muito elevado, tal como o insucesso escolar. Habitadas sobretudo por imigrantes, as banlieues são terreno fértil para a violência e as economias paralelas. A pobreza e sentimento de exclusão levam muitos jovens a revoltar-se contra o Governo - que acusam de os ter abandonado - e a considerar os polícias como "invasores". Segundo o Libération, os problemas "não vêm todos do Governo, revelam também uma sociedade incapaz de garantir a segurança e facilitar o acesso ao primeiro emprego" a estes jovens.

4-Como se chegou a esta situação nestes bairros? Os autarcas dos subúrbios acusam o Governo de ter cortado os 300 milhões de euros de fundos públicos destinados a estratégias de coesão social e à construção de novos alojamentos nas suas cidades. A imprensa europeia vê na violência urbana um sinal inequívoco do fracasso do modelo de integração francês. O chefe da diplomacia, Philippe Douste-Blazy, admitiu que a França se arrisca a "perder a batalha da integração" a favor da "radicalização religiosa". Em editorial, o New York Times afirmou que "os franceses podem menosprezar a política multiculturalista britânica, mas estes motins confirmam o fracasso da sua política de assimilação". A violência urbana veio relançar o debate sobre o regresso a uma polícia de proximidade. Esta a solução é defendida pela União Nacional dos Sindicatos Autónomos (UNSA) da Polícia para "garantir a prevenção nos subúrbios", explicou ao Le Monde o secretário nacional da UNSA, Marc Gautron.

5-Que papel desempenha o radicalismo islamita na presente crise? Nos últimos anos, o radicalismo islamita ganhou terreno nos subúrbios devido à frustração e desespero dos jovens que aí vivem. Sem nada a perder, estes vêem a religião como elemento unificador. A granada lançada para o interior de uma mesquita foi considerada pelos extremistas como uma agressão religiosa e usada como pretexto para a rebelião urbana de muitos radicais. Os moderados, por seu lado, apelaram à calma. Foi o caso de Larbi Kerchat, imã de uma mesquita de Paris, que condenou a violência, classificando os jovens que a praticam como "malfeitores". Na sexta-feira, a polícia garantia não haver "uma mão islamita" por trás dos confrontos dos últimos dias.

6-Existe o perigo de a violência urbana se tornar um problema à escala nacional? Já alastrou a várias cidades. Lille, Toulouse, Estrasburgo, Marselha e Dijon foram "contagiadas" pelos tumultos, que tiveram início nos arredores de Paris. Os subúrbios das grandes cidades francesas partilham com os da capital os problemas de desemprego e pobreza.

7-Porque é que os manifestantes pedem a demissão de Sarkozy? Defensor dos métodos repressivos e da política de "tolerância zero" para controlar os motins, o ministro do Interior está no centro das críticas. Em plena crise, a sua intenção anunciada de "limpar" os subúrbios da "escumalha" que os habita foram incendiárias. Num artigo de opinião no Libération, o sociólogo francês Hugues Lagrange compara a linguagem de Sar-kozy à da polícia militar brasileira, afirmando que as suas declarações parecem referir-se mais a uma "limpeza étnica" do que a uma operação de prevenção. Estas afirmações tornaram Sarkozy no inimigo para muitos habitantes dos bairros problemáticos, apesar de terem si-do proferidas por alguém que defendeu o voto dos imigrantes nas eleições municipais e o recurso à discriminação positiva. Para Lagrange, isto prova "a duplicidade" de um ministro que "pretende, ao mesmo tempo, satisfazer um eleitorado tentado pelo populismo e aliar-se aos imigrantes".

8-Quais as consequências políticas desta crise? Esta crise revelou as tensões no Governo francês, apesar dos esforços do primeiro-ministro Dominique de Villepin para apresentar uma "frente unida". Conhecido como o "Senhor Segurança", o ministro do Interior fracassou na área onde parecia mais forte. A imprensa de esquerda garante que esta crise prejudicou a imagem do líder da União para um Movimento Popular (UMP), "queimando" as suas ambições presidenciais. Quanto ao Presidente Jacques Chirac, o El Mundo vê no facto de ter intervindo apenas uma vez um "sintoma de que não tem nada a dizer".

Até que...

Não há razão para te esconderes,
por agora pelo menos,
para além da cidade luz, há vida
há luz e brilho e desejos brilhantes
e clandestinidade.

E vontade, tanta vontade.
Sereno, simples, sem medo
insisto sem embaraços, ainda calmo
até que aquilo que queríamos
já não seja o que queremos.

Em França, por ora...


O endurecer dos conflitos em França que são, já em si, um endurecimento dos conflitos dos últimos anos nos arrabaldes da capital. (Convém recordar que a média de carros incendiados diariamente ronda os 70 desde há anos a esta parte.) Mas este endurecer, dizia eu, tem levantado questões pertinentes cujas respostas dariam pano para mangas.
Comentam-se os acontecimentos, mostram-se imagens, citam-se discursos mas nada, ninguém diz o que está mal. Pior, ninguém diz o que é mal. A política, o receio de ficar do lado errado, o medo de ser responsável por alguma coisa tornou os europeus de hoje
num poço de hipocrisia. Parece que incendiar automóveis pode não ser uma coisa horrível, tão horrível como as cargas policiais, por exemplo. O exemplo americano tornou-se uma virose.
Os polícias carregam sobre moços que deitaram fogo a automóveis (se os carros pudessem carregar sobre os moços, eram mais um gang e pronto) e os moços deitam fogo a automóveis para serem carregados pela polícia. O que é que está errado? São os polícias, os automóveis, as escolas, os donos das viaturas?
É a política, então? Ah, pois é! Quando os políticos não se conseguem entender sobre assuntos tão elementares, a culpa é de que coisa?

05/11/05

Éter?

à sombra do hip-hop, descansado
fingindo, só pode, acusado
de tudo, de qualquer coisa
há sempre culpas no cartório.

saiu-me um trevo, da sorte
dá sorte, dá? acredita-se!?
embalsama-se sim, isso sim
disfarça-se, põe-se laços.

Não fui eu que fiz o mundo
E mesmo que fosse, não diria

Até porque eu não faço nada
Navego nas ondas que a vida faz.

04/11/05

Visitando Blogues

O Carlos escreve no Desblogeador de Conversa uma futebolada engraçada sobre os políticos. Leia aqui.

Cantemos:


Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.


Manuel Alegre

03/11/05

Eu vi e ouvi


Ontem na SIC a menina Shakira a falar num português do Brasil muito bonzinho e a explicar algumas coisitas que lhe foram pedidas pelo apresentador. Às tantas falou-se na importância que as pessoas mais chegadas e que rodeavam a pequena tinham na sua vida artística. -Se não fossem elas eu correria o risco de me adorar a mim própria, disse.
O Sr. apresentador quiz colocar nessa frase uma presunção de convencimento por parte da rapariga. O Sr. apresentador foi burrito e não faz qualquer ideia da vida e dos pensares dos artistas de sucesso. E é chato termos de reconhecer que qualquer miudinha, mesmo sendo um cocktail de culturas como diz, baralhe a lógica de alguns portugueses.

JPP assustado?

Pacheco Pereira escreveu no seu Abrupto o seguinte: "É triste ver o desespero de causa que leva Mário Soares a levantar a questão da pensão de Cavaco. É a mais desapropriada das questões, em particular, vinda de Mário Soares que se pensava estar acima deste tipo de ataques rasteiros, que nele tem o precedente da campanha contra a situação conjugal de Sá Carneiro. É exactamente o mesmo tipo de tiros desesperados, alimentando a nossa inveja socializada de país pobre, que normalmente se voltam contra quem os dispara. O problema é que no caminho deixam lama por todo o lado, atingindo sempre mais quem mais próximo está dos defeitos típicos do nosso sistema político e do seu crónico desprestígio. E isso, queira-se ou não, seja injusto ou não, será sempre mais fácil de cair em cima de um político como Soares do que de um político como Cavaco."

Então questionar porque é que um cidadão que diz não ser profissional da política recebe pensões de político, é isto tudo? Que se passa com Pacheco Pereira? será que o habitual silêncio de Cavaco está, também, a preocupar o JPP?
A mim não preocupa nada, até desejo que continue, e desejo que Soares continue a puxar-lhe pela língua até que ele abra a boca e se espalhe ao comprido. Aí com Soares desgastado pela luta e Cavaco espalhadinho como só ele é capaz, Alegre será a alternativa de muitos mais portugueses.

02/11/05

BLOGUES: novos links.

Na coluna da direita, aqui ao lado, eu tenho colocado na secção BLOGUES escolhas minhas. O critério da selecção tem sido meu: ou porque me seduziu a sua leitura, ou porque têm informação útil para questões específicas, ou porque são de amigos, ou porque me irritam e eu quero, ....

(Os blogues dos amigos têm uma coloração especial, ao lê-los ouvimos a voz do escrevente e até imaginamos as suas expressões físicas, comentamos em voz alta e discutimos com amigos comuns.)

Hoje vou colocar uns novos blogues seleccionados de uma forma diferente. A maior parte deles não foram, ainda, suficientemente visitados por mim, mas são dos 50 mais visitados em geral. A saber:
Espumadamente - Atento, explicadinho e espumoso; Abrangente - Generalista, informado, explícito; Corte na aldeia - Citações, poesia, música no ar; Biscoito interrompido - O João, ainda, candidato a comediante; Procuro marido - Uma sucessão de fotos do sexo feminino com um apelo por baixo a dizer: Telefone-me, depressa. Tipo: mi liga, vai. Esquisito.

Boas viagens.

Sem ponte.

E lá se foram os 4 diazinhos bons. Houve empates, pão por Deus, crianças, Pacman e Manuel Alegre, amor e sexo, análise do terramoto de 1755 para memória futura (?), os anos do Artur, "Cerejeira" branco, mariscadas e cozido à portuguesa, Bombarral (Vale Covo), Mestre José Franco, Ericeira, Nostradamus...
Houve vida e sorrisos e muita alegria, só não houve ponte e não fez falta nenhuma.