O abuso (alguns chamam ousadia) parece ser uma característica dos portugueses desde sempre. Contudo, parece que só agora começamos a dar conta disso. Desde pequeno que oiço dizer: que os polícias gamavam, que as companhias de seguros enganavam, que os taxistas metiam a unha, que os árbitros se compravam, que os empreiteiros pagavam luvas, que há juízes padrinhos, etc... foram coisas que ouvi desde sempre. O meu avô costumava sintetizar tudo com um: "Quem mexe no mel, lambe-se."
Mesmo estas entradas novas dos professores que metem atestados da treta e de médicos que os passam não são novidade, eram inseridos nas baixas fraudulentas e nos atestados manhosos da população em geral. Foi sempre assim que eu ouvi.
Estou ciente que grande parte dos portugueses também ouviu, como eu. Estranho, por isso, o enfoque que se dá aos vários casos vindos a público de prisões, processos, inquéritos, etc... Parece que andamos todos a querer fundamentar que já sabíamos. Ou será que isso nos faz sentir menos culpados pelos nossos pecaditos?
Surgiu, agora, um caso diferente cujos intérpretes são uma classe que eu chamo de "enterras". Enterram-nos os mortos e enterram muitos vivos, também. Alguém se zangou, queixou-se e o funeral de Amália vem agora para as notícias. Porque veio agora, o porquê da queixa ainda não sabemos mas há uma coisa que sei e que quero partilhar: queixar é uma complicação tão grande que raras vezes compensa. E mesmo quando compensa o custo foi paradoxal.
10/11/05
Quem mexe no mel...
Publicada por Zé Leonel à(s) 11/10/2005 01:45:00 da tarde
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