12/12/08

Governo/Professores, fim à vista.

A cansativa, para alguns, guerra entre o governo e os sindicatos dos professores aproxima-se do fim. Vamos assistir nos meses que faltam para as próximas eleições legislativas a um "forcing" cada vez maior dos sindicatos e a um empatar do governo tentando fazer render o peixe até ao voto do povo. A confirmarem-se as sondagens que dão 40 a 42% ao PS, Sócrates está descansadinho quanto ao resultado da contenda, se o resultado for por aí o primeiro ministro vai dizer que os eleitores legitimaram nas urnas as opções do governo.
Neste cenário, que com Álvaro Cunhal nunca aconteceria, os sindicatos falharam nos "timings" e nas previsões. Não compaginaram a possibilidade de não haver, na actualidade, um candidato a primeiro ministro com credibilidade suficiente para rivalizar com o actual nem perceberam que a enorme quantidade de professores e as suas diferentes sensibilidades não ajudam a colocar a opinião pública do lado dos docentes. Os professores não queriam aceitar as aulas de substituição tal como são agora e deram imensas razões para isso, no entanto sempre as houve. A diferença é que dantes eram pagas como horas extras e esta nunca foi uma razão apresentada, mas a comunicação social informou. Os docentes acham abominável a criação da figura de professor titular, mas ocuparam todas as vagas para o lugar e a comunicação social informou. Os professores tentam calar todos os que se lhe opõem com a justificação de que só eles, professores, sabem o que se passa nas escolas, mas estas não são conventos e a comunicação social vai informando.
Os sindicatos podem trabalhar que nem uns "moiros", e têm-no feito, mas acabarão sempre por claudicar se não conseguirem o apoio da população. São muitos os educadores, é verdade, mas os educandos são muitos mais e é difícil convencer os pais quando os filhos saiem prejudicados. E, tal como no futebol, a culpa é sempre do treinador. Podia ser do presidente mas este como é sujeito a eleições acaba sempre por se safar até às próximas.
Mais uma vez os professores que tantas razões, embora diferentes, tinham para protestarem vão sair prejudicados. Até quando?
Uma última palavra para a senhora ministra, que poderá ser feia, antipática, teimosa e até impreparada; mas é, concerteza, a ministra de educação mais corajosa e disponível que conheci.

2 comentários:

ARISTIDES DUARTE disse...

Mário Soares subscreveria , totalmente, este "post", como fez há uns dias atrás.
Não há dúvida: os professores são menos que os alunos e os pais. Vai daí, com uns Magalhães à mistura faz-se uma propaganda doida e passa-se a ser a melhor ministra do "melhor governo dos últimos 30 anos". E , com isso , ganham-se umas eleições com maioria absoluta.Toda a gente sabe tudo o que se passa nas escolas, toda a gente opina. Depois é aulas de substituição ( ó amigo, há muitos tipos de professores- os professores primários nunca tiveram issso de horas extraordinárias), é explicações (os professores primários nunca fizeram isso, que eu saiba) são horários de 14 horas (os professores primários têm , no mínimo 25 horas lectivas, todos os dias da semana), colocações por 3 anos ( devidos a esta ministra e a este "melhor governo dos últimos 30 anos"- mas eu sei o que isso é- nunca trabalhei dois anos seguidos na mesma escola e em 3 anos lectivos já conheci 4 escolas- atenção que estou com quase 20 anos de serviço e sou do QZP). No entanto este Governo faz o que faz com os banqueiros e quejandos e continua a ser "o melhor governo dos últimos 30 anos". Algo não funciona neste país. Por causa dos professores, vistos como os maiores privilegiados deste país (muito mais que banqueiros, grandes especuladores, políticos só à procura de boas reformas e de ganharem milhões)a opinião pública vai voltar a dar outra maioria absoluta ao Sócrates. Pode ser que se arrependa, mas será tarde.

ARISTIDES DUARTE disse...

Já agora aproveito para dizer que nunca me passaria pela cabeça comentar um "post" sobre "bola" ( eu chamo "bola" ao futebol- ainda há terras onde há a Rua do Campo da Bola). Disso nada sei. Sei que há alguns a que chamam "treinadores de bancada". Como toda a gente comenta tudo sobre escolas e educação, será que não há "escolares de bancada", que se limitam a seguir as notícias e fazer comentários, sem saberem de nada o que realmente se passa?