A manifestação marcada para o próximo dia 12 de Março teve uma construção semelhante a uma outra chamada "Maioria silenciosa" que aconteceu em 28 de Setembro de 1974, mas vai ter o resultado de uma, revoltosa, que houve num dia 11 de Março ou de outra, também revoltosa, que aconteceu no 25 de Novembro. Nesses anos a chama revolucionária nas ruas ainda fazia tremer poderes e cargos em Portugal. Os que governavam sabiam que só estavam provisoriamente no cargo e o julgamento popular era constante.
Na trilogia de agitações históricas que recordo aqui, uma delas saiu vitoriosa: a de 25 de Novembro liderada pelo General Ramalho Eanes. Foi o fim da inocência revolucionária e o princípio do que vivemos hoje. Foi o iniciar do regresso dos que já andavam pela assembleia da república antes do 25 de Abril e foi a legalização dos "chico espertos" que agiam de forma escondida até aí e passaram a não ter vergonha nenhuma. Hoje, sofremos o que resultou do 25 de Novembro.
A manif, que vamos fazer dia 12, não terá o mesmo alcance nem a mesma força daquelas ocorridas na altura do PREC, mas pode ensinar algumas coisas. pode fazer entender que o nosso problema não é de uma geração mas de todas; que as bandeiras dos partidos desvirtuam as jornadas de luta; que as lutas para atingirem a vitória teem de ser justas, honestas e consensuais.
3 comentários:
Concordo em absoluto com quase tudo o exposto, mas creio que grande parte do problema já vem de antes do 25/11/75 e mesmo do 25/04/74. Uma verdadeira revolução das mentalidades ainda está por fazer. Muitos dos vícios sociais do salazarismo ainda estão muito presentes e foi algo que o chamado PREC, infelizmente, por diversas circunstâncias de conjuntura, não conseguiu. E esta pode ser uma boa oportunidade para começar qualquer coisa.
Só um reparo: a manif da chamada "maioria silenciosa" foi em 28 de Setembro de 1974.
Saúde!
Tens razão companheiro a Spinolada foi em 1974, já corrigi. Obrigado!
"Hoje, sofremos o que resultou do 25 de Novembro", escreves tu e com toda a razão. Sobre a revolução das mentalidades, claro que não houve tempo de a fazer no PREC. Aquele foi um período, em que, como bem escreve o Zé Leonel, a rua fazia tremer o Poder e todas sabiam que estavam lá de passagem.
O 25 de novembro foi o fim de todas as esperanças e o regresso dos tais "chicos-espertos". Também não se pode dizer que não foi o que o Povo da época não quisesse. Agora, têm aí as consequências...
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