23/10/05

Canto de Paris

Não fora o grito, a faca
de súbito rasgando
a fronteira possível...

Não fora o rosto, o riso
a serena postura
do cadáver na praia...

Não fora a flor, a pétala
recortada em vermelho
o longínquo pregão,
o retrato esquecido,
o aroma da pólvora,
o grade da janela

Não fora o cais, a posse
do nocturno segredo
a víbora, a polícia
o tiro, o passaporte
a carta de Paris,
a saudade da amante.

Não fora o dente agudo
de nenhum crocodilo...

Não fora o mar tão perto,

não fora haver traição.


(Fausto)

1 comentário:

Anónimo disse...

O poema é de Daniel Filipe, o Fausto só o musicou.