09/08/04

A preto e branco

Neste fim de semana andei a tentar ver o mundo a preto e branco.
Como Cartier-Bresson o viu, escondido atrás da sua Leica.
Tal como ele, reparei que o mundo é feito de instantes que nunca mais se repetem. Eram as gotas de água aspergidas por cima dos campos de milho, o gato que se enroscava preguiçoso em cima do muro aquecido pelo sol, o melro que bicava furiosamente a terra, o rasto de nuvens que se perdia no horizonte...eram estes, e tantos outros, os momentos que gostava de ter guardado.
São únicos, são irrepetíveis, são o tal "instante decisivo". Não são, certamente, de interesse público, como outros que a câmara do mestre do fotojornalismo captou. Mas todos eles fizeram parte de um dia especial, em que andei à procura de um mundo a preto e branco, num planeta que vibra em milhões de tonalidades.
Preto e branco, porque foi a minha forma de homenagear Bresson.
Milhões de tonalidades porque quis e quero colorir todos os instantes decisivos da minha vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

A vida deve ser vista com todas as cores (possíveis).
O preto e branco dão-lhe especial colorido. Porque nos aconchegam num momento que se torna imortal. Nosso.
Mesmo que não captado por uma máquina fotográfica!
Importa são os nossos olhares e aquilo que atingimos com eles.
Beijos
Vulcão