31/10/07

O PGR e as escutas.

E lá foi o Sr. PGR botar figura à AR, como tem feito nos jornais. Lá, em S.Bento, conseguiu atingir um protagonismo ainda maior mesmo sendo a sua intervenção recheada de palermices. O Sr. PGR tem o direito de dizer disparates, ah pois tem, mas também tem o dever de respeitar os portugueses. Ou o Sr. Pinto Monteiro está a armar-se em totó ou é totó e nenhuma das hipóteses é boa para nós. O Sr. foi falar nas escutas e nos aparelhos existentes no mercado para tal e falou disso com grande admiração e preocupação. Mas, caramba, este senhor é o Procurador Geral da República e como tal tem obrigação de saber muito mais e concerteza sabe. Imaginem os milhares de trabalhadores das empresas de telecomunicações ao ouvi-lo, acredito que se arrepiaram.
A verdade é que existem escutas em Portugal desde que há telefones cá na terra
e qualquer pessoa minimamente habilitada conseguia fazê-las. Um condensador, 2 pinças, um jack, um bocadito de cabo e um gravador era quanto bastava para interceptar uma linha telefónica analógica. Mas isso era há 20 anos, depois com as linhas digitais e as centrais telefónicas o carregar num simples botãozinho permite ouvir todas as conversas. Milhares de despedimentos, divórcios, chantagens, etc... devem-se a isso. O interessante é que essas centrais telefónicas têm de ser homologadas pelo ICP e por isso pelo menos as instâncias do poder deveriam saber disso e sabem. Mas mesmo que imaginemos que eles são todos muito burros, basta pensarmos nas multi-conferências para percebermos que se tecnicamente podemos colocar várias pessoas na mesma chamada, qual é a dificuldade em entrar numa conversação sem que ninguém dê por isso? Tudo se resume numa opção binária da programação da central, se colocarmos 0 não há escutas, se colocarmos 1 escutamos quem quisermos. É assim tão fácil e directo e quem é que acredita que os senhores do poder não sabem isto?

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