12/11/07

E a próxima maioria é....


Para mim, ao longo destes anos após 74, maiorias absolutas no parlamento sempre foram prejudiciais. Num país onde a intervenção cívica é diminuta e onde a substância das lutas populares é sempre o dinheirinho ou as regalias perdidas ou a perder, não é fácil governar. A maioria absoluta vem, de alguma maneira, facilitar o governo. Quando não há forma ou arte para convencer quem vota, utiliza-se quem já votou para seguir caminho. Foi assim com Cavaco é com Sócrates e voltará a ser com outro qualquer.
Desengane-se, no entanto, quem achar que o à-vontade do governo actual se deve simplesmente à maioria alcançada nas urnas. Para os portugueses em geral vive-se hoje a convicção que com Sócrates é mau mas que não temos melhor e por isso vivemos no mal menor. Dizer-se que o nosso 1º manipulou o canudo não colhe entre um povo iletrado, não lhe interessa, e não colhe entre os letrados porque grande parte deles procuraram ou viram procurar tornear dificuldades de forma idêntica. Dizer-se que o homem é arrogante não faz a mínima diferença aos portugueses, o Mourinho também era e eles adoram-no e a maioria até acha que Sócrates está igualzinho ao que era nos debates com o Santana na TV, em tempos idos. Estou, por isso, convicto que se houvessem eleições em Janeiro o PS voltaria a conquistar maioria absoluta sem precisar de fazer campanha. Quem legitima esta maioria, para o povo, é a oposição actual. Enquanto o CDS continuar apenas preocupado com a imagem do Paulo Portas, os comunistas e próximos não conseguirem resolver o sarilho em que se meteram com os professores e restante funcionalismo público e enquanto o PSD se permitir manter Marcelos, Pachecos e afins a protagonizar em seu nome, isto só vai dar PS. E, mais complicado do que isso, o PS pode passar os próximos anos apenas a apontar os podres desta oposição sem precisar de responder a coisa nenhuma, e a fazer comédia, e a inferiorizar sabendo que o povo gosta disso.
A coisa é tão preocupante que neste momento não descortino quem faça frente a Sócrates fora do seu partido. Neste momento só Manuel Alegre pode desfazer, em eleições, a hegemonia da maioria. E isto é algo de novo, só assemelhável ao PRD do Eanes e é muito preocupante.
Deviamos reflectir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Credo, Deus nos livre.