28/04/08

O 25 de Abril na RTP1 (dia 24)

A noite do 24 para 25 de Abril na RTP1 foi preenchida com aquele tal programa(*), O corredor do poder, e o convidado foi Otelo Saraiva de Carvalho. O homem que foi pau para toda a obra de todos os oportunistas, voltou a repetir o que sempre disse, explicando cada acusação ao pormenor e chamando as pessoas pelo próprio nome, sem temer que alguém o venha desmentir, algo que nunca fizeram. Não entendo a intenção da RTP de colocar o homem que se sujeitou a tudo para nos devolver a liberdade perante quem só encontrou pedras para lhe atirar, e que depois quando lhe foi lembrado que o partido dele queimava sedes de partidos no Norte do país, escondeu a mãozinha. Foi confrangedor ver o Nuno Melo a clamar que Otelo não tinha legitimidade democrática para fazer o que fazia, pois não nem para fazer o 25 de Abril. O CDS continua a fazer de conta que Abril de 1974 não existiu, dizendo constantemente que a revolução foi no 25 de Novembro, como se podesse haver uma coisa sem a outra. Eu acho que colocar alguém do CDS a falar da nossa revolução sabendo-se que eles sempre estiveram com os destituidos é um ataque ao 25 de Abril e a todos nós, a menos que os colocassem à partida como os que estavam contra e, no mesmo sentido, chamassem também aqueles, que ainda há, que se mantêm fieis ao antigo regime e não o escondem. Porque estamos a falar do 34º aniversário da revolução dos cravos e porque ainda há muita gente nova que, nestas alturas, procura saber mais.

Engraçado foi, também, ver o desconforto da representante do PCP quando o, hoje, tenente-coronel falou do seu encontro com Álvaro Cunhal.

(*)- Programa apresentado por Sandra Moura e com Ana Drago, Margarida Botelho, Nuno Melo, Marcos Perestrello e Marco António Costa como comentadores.

2 comentários:

Al Kantara disse...

O Nuno Melo queria que o Otelo fizesse o 25 de Abril, após requerimento em papel selado de vinte cinco linhas, solicitando ao Ministério do Interior deferimento à pretensão legítima de acabar com o regime. Esta malta do CDS é muito legalista...

Anónimo disse...

Caro Zé Leonel,
Quanto ao formato do serão musical da RTP diria que, tendo presente a memória dos factos e intervenientes possível pela meia dúzia de anos que tinha na altura, não passou no essencial de um mero exercício de avaliação dos efeitos da erosão temporal sobre a espécie humana... (O Chico Fanhais estava fantástico de aspecto)
Quanto ao elemento festejado, sou daqueles que "procura saber mais". Não é se o 25 de Abril foi tecnicamente uma revolução, um levantamento militar motivado por razões corporativas ou o fim natural de um ciclo. Gostava sinceramente de perceber o que se passou durante o PREC, o 25/Nov., e posteriormente e até que ponto isso influenciou a qualidade da nossa democracia, se fosse possível. Mas os protagonistas falam pouco... e outros divertem-se a inventar a história.
Um abraço,