MARIA JOÃO CAETANO
Entrevista com Maria Jesús Álava Reyes, psicóloga
Quase metade dos casamentos terminam em divórcio. O que é que mudou para isto acontecer?
Há cada vez mais divórcios de pessoas com 50 e 60 anos, que deixam de trabalhar, têm que estar juntos 24 horas por dia e não se suportam. E depois há divórcios entre os mais novos, que talvez se juntem demasiado rapidamente e criam uma falsa realidade, confundem a atracção inicial, o enamoramento, com o amor. Quando passa a novidade e começam a partilhar os momentos menos agradáveis, pensam que terminou o amor. Muitos não estão habituados a conviver partilhando. São egocêntricos, pouco flexíveis, um pouco egoístas. Sobretudo conhecem-se muito mal e estão pouco habituados a enfrentar dificuldades. Não estão acostumados a lutar e acham que se enganaram.
Como é que não nos conhecemos uns aos outros?
A verdade é que as crianças hoje têm menos irmãos, rapazes e raparigas convivem juntos mas como se fossem extraterrestres. Não se conhecem de facto. As mulheres, por exemplo, queixam-se da falta de comunicação mas os homens não precisam tanto de falar quanto nós. E a afectividade também é muito distinta, achamos que eles só pensam em ter relações sexuais mas eles têm dez vezes mais carga de testosterona do que nós.
A biologia é tão importante?
Durante milhões de anos as funções de homens e mulheres foram diferentes e isso fez com que geneticamente os homens se tenham tornado mais especializados, porque se dedicavam à caça ou à guerra e ou estavam muito atentos ou morriam, enquanto as mulheres tinham que fazer muitas coisas ao mesmo tempo, tratavam da casa, dos filhos, da agricultura. Isso tem influência. Os cérebros são diferentes.
Mas se um homem não acorda de noite com o choro do filho isso também tem uma explicação?
Pode parecer uma boa desculpa mas é verdade. Por isso é que é importante conhecer as diferenças. Se nos conhecêssemos melhor não seria tão complicado. Chateamo-nos pedindo uns aos outros coisas que não são razoáveis. Por exemplo, após uma discussão. O homem pensa que a mulher o está a castigar ao não querer ter relações, porque para ele naquele momento ter relações é uma possibilidade de resolver a situação. A mulher sente-se usada: como é possível que ele queira sexo em vez de conversar?
O sexo é importante?
O sexo é importante e nos últimos anos as expectativas mudaram muito. A maioria dos homens não foram educados para satisfazer as mulheres e para ter uma sexualidade partilhada e isso fá-los sentir-se muito inseguros. as mulheres estão a exigir e a dizer-lhes que eles não fazem bem e, na verdade eles nunca foram preparados para isso.
Se somos tão diferentes, como é que podemos viver juntos?
É muito bom que homens e mulheres sejam diferentes porque se complementam. O problema é quando não coincidem no essencial, não têm os mesmos valores. Tem que haver uma base comum.
01/02/08
Não sabia, ninguém é tão perfeito...
Publicada por Zé Leonel à(s) 2/01/2008 07:54:00 da tarde
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1 comentário:
É mesmo muito complicado ajustar as diferenças, limar as arestas... Leva muito mais trabalho e empenho do que o simples impulso da paixão pode faze crer!
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